quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Leno - Vida e Obra de Johnny McCartney (1995)


Uma das mais incríveis histórias e um dos mais raros discos da indústria fonográfica brasileira. Tudo começou em 1971, Leno que fazia dupla brega com Lilian Knapp sai em carreira solo e conhece um produtor chamado Raulzito. Juntos começam a compor para o que seria o terceiro disco do artista.
Visionário, o disco mostrava algumas novidades para a época: era gravado em oito canais e trazia um som bem mais realista e pesado do que costumeiramente era visto em rock nacional. Além disso, tinha em sua ficha técnica o grupo de rock A Bolha e um desconhecido produtor-compositor-cantor-arranjador, um tal de Raul Seixas. Contava ainda com participações de Renato & Seus Blue Caps, Marcos Valle, Golden Boys, Trio Ternura e o lendário grupo uruguaio The Shankers, entre outros. O disco estava fadado a virar um clássico instantâneo. No entanto, a gravadora veta 5 das 12 músicas por acharem inviáveis para cena musical da época e o projeto é arquivado.
Em 1995 o jornalista Marcelo Fróes encontra as matrizes originais vasculhando o acervo da Sony Music e liga para Leno, que aceita de imediato remasterizar pessoalmente o material. O CD sai em tiragem ínfima e nunca mais é visto.
Vida e obra de Johnny McCartney, um disco totalmente inovador e contestador, é uma das páginas mais intrigantes da história do nosso rock. Pelo cacife dos músicos envolvidos (imagine a historinha: "músico popular-brega enlouquece e resolve gravar um disco de rock´n' roll pesado ao lado de um produtor também tão brega e maluco quanto ele e de uma desconhecida banda rockeira pesada") não poderia mesmo ter feito sucesso.
Se lançado em 1971, poderia ter se tornado um disco cultuado. Ouvido hoje, se não soa atual, pelo menos impressiona.

01.: Johnny McCartney
02.: Por que Não?
03.: Lady Baby
04.: Sentado no Arco-Íris
05.: Pobre do Rei
06.: Peguei uma Apollo
07.: Sr. Imposto de Renda
08.: Não há Lei em Grilo City
09.: Convite para Ângela
10.: Deixo o Tempo Me Levar
11.: Contatos Urbanos
12.: Bis
13.: Johnny McCartney (incidental)

*OUÇA: Sentado no Arco-Íris

Nota: Sentado no Arco-Íris - Primeira parceria de Leno e Raulzito para este disco, foi considerada por Raul, na época, a primeira letra de que se orgulhava de ter escrito. Apesar de ter sido uma das vetadas no disco, seu tema iconoclasta conseguiu driblar a censura e concorrer no FIC da Rede Globo de 1971. Foi, portanto, a primeira participação de Raul Seixas num festival. Notável o arranjo, semelhante ao som pesado que o Cream tirava em seus clássicos e absolutamente fora dos padrões radiofônicos da época no Brasil.

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